Roger Moreira é condenado a pagar R$ 100 mil à artista plástica Adriana Varejão após ataques na web
Vocalista do Ultraje a Rigor publicou montagem e ofensa em meio à exposição Queermuseu, que ocorreria em Porto Alegre em 2017. Ele foi condenado em 1ª instância, debochou e a multa foi aumentada; cabe recurso.
O cantor Roger Moreira, vocalista da banda Ultraje a Rigor, foi condenado a pagar R$ 100 mil à artista plástica Adriana Varejão por ofendê-la com ataques misóginos na internet em 2017.
Em uma rede social, Roger fez uma montagem em que adulterava a foto da artista ao desenhar uma cruz sobre cada olho e um pênis perto de sua boca. Perto dos seios, ele escreveu "puta".
O ataque foi motivado por um trabalho de Varejão que seria apresentado na exposição Queermuseu, em Porto Alegre, em 2017. A exposição foi alvo de ataque de bolsonaristas (relembre o caso ao fim da reportagem).
Em primeira instância, Roger foi condenado a pagar R$ 40 mil e os dois recorreram. Após a decisão, ele voltou às redes sociais para atacá-la. "Bom, é assim que funciona. Puta nunca é grátis", escreveu.
O acórdão da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça foi publicado na quinta (10), ampliando a multa para R$ 100 mil e não reconhecendo o recurso do réu. Cabe recurso, mas apenas em instâncias superiores.
"Utilizar-se de retrato de pessoa com a inserção de símbolos associados à morte e à depravação, como fez o réu, extrapola as fronteiras da liberdade protegida pela Carta Maior, eis que realizada com a pretensão exclusiva de desabonar a honra, a imagem e a dignidade da autora, renomada artista plástica", escreveu a desembargadora relatora Geórgia de Carvalho Lima.
Ele foi condenado por dano moral e obrigado a fazer retratação pública em rede social. Caso não se retrate, terá que pagar ainda multa diária de R$ 200.
O ataque de Roger incitou inúmeros ataques virtuais a Adriana, com xingamentos como "pedófila", "doente", "lixo" e "vagabunda".
À Justiça, Roger argumentou que reprovava a classificação etária do evento e que sua publicação na rede social se assemelhava a uma charge.
A relatora escreve que todos podem fazer críticas às obras, mas ressaltou a importância do "compromisso ético" para não disseminar o ódio e a intolerância.
Queermuseu
A exposição Queermuseu reuniria 260 obras de arte, de 85 artistas no Santander Cultural, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Entre os artistas, Lygya Clark e Cândido Portinari. Havia também a pintura "Cena de Interior II", de 1994. A obra de Varejão é uma coletânia de atos sexuais.
Atacada nas redes sociais, a exposição foi cancelada um mês antes do previsto.
Veja mais em https://t.co/3eRtqBULH4?amp=1
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