Caso Tatiane Spitzner: Termina o primeiro dia do julgamento de Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa; veja como foi
Júri popular começou nesta terça (4) e será retomado na quarta (5), às 8h30. Advogada foi encontrada morta após cair do 4º andar do apartamento em que morava em Guarapuava, em julho de 2018.
Terminou o primeiro dia de julgamento de Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a advogada Tatiane Spitzner, em Guarapuava, na região central do Paraná, após quase 12 horas. O júri popular será retomado na quarta-feira (5), às 8h30.
O julgamento do réu começou na manhã desta terça-feira (4), às 9h19, e foi suspenso às 21h. Foram realizados dois dos 27 interrogatórios previstos. O delegado que investigou o caso e uma vizinha da vítima foram ouvidos.
Preso há dois anos e nove meses na Penitenciária Industrial de Guarapuava, Manvailer é acusado de homicídio qualificado - com as qualificadoras de feminicídio e morte mediante asfixia. Ele também responde por fraude processual.
Entenda o caso:
- Tatiane Spitzner foi encontrada morta após cair do 4º andar de apartamento onde morava, em Guarapuava
- Luis Felipe Manvailer nega ter matado esposa e não responde perguntas em depoimento
- Imagens mostram agressões de marido a advogada antes dela ser encontrada morta
- Julgamento foi adiado três vezes
Réu chegou ao fórum por volta de 8h45 — Foto: RPC
Confira como foi o 1º dia:
Escolha dos jurados
Sete homens foram sorteados para compor o Conselho de Sentença. Entre os 30 convocados, quatro mulheres foram sorteadas, mas acabaram dispensadas após pedidos da defesa do acusado.
Em três casos, a dispensa foi sem motivo, o que é um direito da defesa. A quarta dispensa foi autorizada pelo juiz após os advogados argumentarem que a jurada sorteada havia curtido uma página de apoio à Tatiane Spitzner em uma rede social.
Após o sorteio, a sessão foi interrompida para um breve intervalo e retomada por volta das 10h30. Em seguida, iniciou-se o depoimento das testemunhas, começando pelo delegado Bruno Maciozek, que investigou o caso.
Depoimento do delegado
O depoimento do delegado durou cerca de 5h30 horas. Ele foi questionado pelo Ministério Público, pelos assistentes de acusação e pela defesa do réu - que perguntou durante 4 horas. Durante o período, a defesa tentou indicar possíveis brechas na investigação e em laudos.
Para defesa do réu, por exemplo, a simulação do crime não levou em consideração o depoimento de Manvailer quando disse que Tatiane se jogou do prédio. O delegado rebateu afirmando que foram feitas três simulações com o objetivo de explorar todas as possibilidades de queda descritas.
A defesa também questionou o delegado sobre a prisão em flagrante de Manvailer após o crime e aspectos relacionados às lesões no corpo da vítima.
No depoimento, ao responder questionamentos da acusação, o delegado disse que não há nenhum registro de que Manvailer tenha ligado para qualquer órgão público para pedir ajuda.
Ele afirmou também que imagens do circuito interno indicam que o réu passou pano nas marcas de sangue no elevador e no hall do prédio. O delegado disse nunca ter visto um caso anterior de suicídio em que o cônjuge da vitima limpasse o local de morte.
Na sequência, foi ouvida a segunda testemunha. Ela era vizinha de apartamento de Tatiane e Manvailer. A mulher foi ouvida por videoconferência por morar atualmente em Curitiba.
Relembre o caso
Advogada Tatiane Spitzner foi encontrada morta em Guarapuava — Foto: Reprodução/TV Globo
Tatiane Spitzner foi encontrada morta na madrugada do dia 22 de julho de 2018. De acordo com a Polícia Militar (PM), houve um chamado informando que uma mulher teria saltado ou sido jogada de um prédio.
Antes de Tatiane ser morta, imagens mostraram Manvailer agredindo a esposa. Veja imagens no vídeo abaixo.
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Imagens mostram agressões sofridas por Tatiane Spitzner momentos antes da sua morte
A polícia informou que encontrou sangue na calçada do prédio, ao chegar no local. Testemunhas disseram que um homem carregou o corpo para dentro do edifício. Conforme a PM, o corpo de Tatiane estava dentro do apartamento.
Luis Felipe Manvailer foi preso horas depois da morte da advogada, ao se envolver em um acidente na BR-277, em São Miguel do Iguaçu, no oeste do Paraná. A cidade fica a aproximadamente 340 quilômetros de Guarapuava, onde o caso aconteceu.
Durante uma audiência de custódia, Manvailer negou que tenha matado a esposa e disse que a advogada cometeu suicídio.
O acusado disse ainda que se acidentou porque a imagem de Tatiane pulando da sacada não saía da cabeça dele. Para a Polícia Civil, Manvailer tentava fugir para o Paraguai.
Em uma audiência de instrução, o acusado negou novamente que matou a advogada. Ele declarou que a família de Tatiane influenciou algumas testemunhas, que disseram na delegacia que haviam ouvido a advogada gritando durante a queda.
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Caso Tatiane Spitzner: veja como foi o depoimento de Luis Felipe Manvailer
Segundo Manvailer, as testemunhas mudaram o depoimento nas audiências. No mesmo dia, o acusado preferiu não responder ao questionário feito pela Justiça e a audiência foi encerrada.
Luís Felipe Manvailer, professor universitário de biologia, era casado com Tatiane desde 2013, e o casal não tinha filhos.
Adiamentos
Antes de ocorrer nesta terça-feira, o júri popular de Manvailar havia sido adiado três vezes.
Inicialmente marcado para 3 e 4 de dezembro, o julgamento foi adiado para 25 de janeiro, após um advogado de defesa do réu ser diagnosticado com Covid-19.
A segunda remarcação do júri ocorreu após pedido da defesa do réu por incompatibilidade de datas.
Em 10 de fevereiro, na terceira data marcada, cerca de três horas após o começo da sessão, os advogados de defesa afirmaram ter "o trabalho cerceado", uma vez que o juiz não autorizou o uso de um vídeo da portaria do prédio onde aconteceu a morte como prova.
O juiz afirmou que o material não consta nos autos do processo e negou que o vídeo fosse exibido.
Apesar do abandono de sessão, Claudio Dalledone Júnior permaneceu como advogado do réu.
Após a ação dos advogados, o juiz considerou "abandono injustificado de plenário" e aplicou multa de 100 salários mínimos a cada advogado da defesa, além de definir a ação como "uma afronta ao processo, ao réu e à Justiça".
A multa contudo foi retirada após uma decisao do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). A decisão foi tomada por unanimidade, em sessão da 1ª Câmara Criminal, e atendeu a um pedido dos advogados.
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